sábado, junho 27, 2009

Vai ser engraçado

Vai ser engraçado. Muito. Um dia eu estar na FNAC e ver um livro meu na prateleira, rodeado de tantos escritores que admiro e venero. Ver as minhas palavras nas mãos de desconhecidos, ver a minha voz levada para casas onde eu nunca pensei entrar. O que sente o Saramago? O que sente o António? O que sentem tantos que como eles foram escolhidos para receber o dom de contar histórias magistralmente?

Vai ser divertido. Muito. Um dia eu dar de caras com um livro por mim inventado na montra de uma livraria de uma rua deste país. Já me apeteceu ter uma livraria. Um espaço encantado, muito, muito parecido com aquela de Aveiro, Navio de Espelhos (acho).

Agora apetece-me fazer outras coisas. Agora passam-me novas ideias pela cabeça. Imagens perfeitas, cheias de cor, quase reais. Estendo a mão e posso tocar-lhes.

Agora quero sentir nas folhas dos livros, o que sempre senti cá dentro, na boca do estômago. Esta é a hora.

Houve tempos em que só escrevia a tristeza, a mágoa, a dor. Houve tempos em que só me lembrava dos meus (muitos) diários (que tive ao longo da vida), quando essa vida era má para mim.

Houve.

Mas depois descobri a alegria das letras. Percebi que a serenidade é possível, que a tranquilidade não anula a criação e a emoção, que a criatividade pode viver e vive lado a lado com a felicidade. Houve tempos em que pensava que só as pessoas atormentadas criavam. Só os angustiados viviam com intensidade.

Não.

Que engano tão grande. Como foi possível?