quarta-feira, março 02, 2005

Evas

Acho que tenho uma tendência feminista na arte. Algo profundamente enraizado nos meus gostos e avaliações. Algo que me ultrapassa. Esta inclinação instalou-se em mim até à revelia do meu querer. Não sou uma feminista surda às diferenças que existem entre homens e mulheres, porque de facto existem. Nem sequer me apetece desenvolver discussões filosóficas ou transcendentais sobre a matéria, sei apenas que gosto da arte produzida por mulheres.

Gosto. Gosto particularmente de Florbela Espanca, de Agustinha Bessa Luís, de Natália Correia, de Lídia Jorge, de Maria Velho da Costa, até de Inês Pedrosa, de Marguerite Duras, de Paula Rego, de Frida Kahlo, de Maria João Pires, de Maria Calas, de….

Mulheres maiores que o seu tempo e a sua história. Identifico-me com a postura de Agustinha Bessa Luís perante a vida, por vezes confundida com arrogância e sobranceria, passa pelos dias consciente do seu valor, mas muito atenta ao que a rodeia, acabei por me rever nas opiniões de Natália Correia, reunidas num livro de entrevistas que li um dia em Aveiro, numa tarde soalheira, à espera de um concerto. Esta arte transversal a todos os sectores, produzida no feminino encerra um toque de especialidade que me cativa e impressiona.
Filhas, irmãs, amantes, mães, amigas, elas são mais do que o produto do meio são a prova viva da genialidade.

1 Comments:

Blogger vague said...

Olá, boa noite.
Para chegar aqui atravessei 7000 nomes :) e lendo este post com o qual me identifico, inclusivé nas referências, apetece-me perguntar se consideras q há uma escrita feminina. Esta é uma questão já antiga mas para a qual não tenho resposta.

12:01 da manhã  

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