domingo, fevereiro 27, 2005

Adolescentes e diários

Estava a organizar as minhas estantes quando o encontrei. Foi-me oferecido pela minha mãe, sempre preocupada com o meu crescimento, sempre orgulhosa da minha paixão pelos livros. Ainda não sabia ler e já tinha os meus livros favoritos, alguns ainda vivem…
Esta tarde, no meio da arrumação, o diário voltou-me às mãos. Não resisti a folheá-lo. Voltei a sorrir com os dilemas de menina.
Li o diário de Anne Frank quando tinha a idade da protagonista. Senti-me ao longo do livro a crescer com ela, a transformar-me física e mentalmente (vá não demorei assim tanto a ler). A descoberta dos seus sentimentos de menina quase moça, outra vez menina, às vezes já quase mulher mostraram-me que tudo o que eu sentia dentro de mim era partilhado por tantas outras meninas, pelas que já o tinham sido, pelas que o seriam ainda. Crescer confronta-nos com situações difíceis.
Na ocasião fiquei sensibilizada com a história de Anne Frank que viveu dois anos “mergulhada”, escondida com a sua família, privada da liberdade, da luz, do ar, do sol, dos amigos, da escola, tudo para fugir aos alemães.
A história difícil daquela menina judia serviu também para me ajudar a relativizar os meus próprios dramas de adolescente normal e crescer… mas tudo no seu tempo.

nota: Outra herança que me ficou desta leitura foi o hábito de escrever diários. Uma compulsão que permanece até hoje