terça-feira, maio 19, 2009

Brisa, cheiros, sol e memórias

Gosto de fins de tarde como hoje. Com uma brisa de norte em dias de sol e luz. Uma brisa fresca carregada de memórias.

A memória do cheiro a pão cozido da aldeia da minha avó.

O cheiro que o vento trazia do forno comunitário. Pão quente e lenha queimada, um cheiro morno e terno, como as mãos das mulheres que amassaram a farinha grossa. Cheiro a fim de tarde de férias, com a cozinha cheia de primos, as horas passadas na rua, sem regras, sem portas fechadas, sem horários. Um cheiro que adivinhava o chegar da noite, o lanche fora de horas, a ida à igreja para acender a vela de azeite. O silêncio do altar, a frescura dos cravos brancos. Um cheiro a infância e a muitos sonhos por sonhar. Um cheiro a bola de centeio quente com azeite e açúcar amarelo. Uma delícia.

Gosto de fins de tarde assim. Com uma brisa de Norte em dias de sol e luz. Uma brisa fresca carregada de memórias

A memória do cheiro de um dia na praia.

O cheiro da maresia e de pele quente e queimada. O cheiro do creme que espalho todos os dias, o cheiro da toalha lavada, que sinto, antes de me deitar depois de um mergulho, antes de fechar os olhos à espera de sentir o sol acariciar-me, enquanto paro o tempo.

Gosto de fins de tarde assim. Com uma brisa de Norte em dias de sol e luz. Uma brisa fresca carregada de memórias

A memória do cheiro de um passeio inesperado ao fim do dia, só porque sim, porque o Verão está a chegar e porque a vida passa devagar com sabor a bola de gelado de chocolate escuro, muito escuro.