sábado, fevereiro 12, 2005

Recado

A casa está vazia. O pôr-do-sol enche a rua e através da janela aberta ilumina a sala. É bonita a luz da cidade a esta hora. Mais bonita fica reflectida assim, nos móveis de cor clara, escolhidos com tanto desvelo e cuidado. Em cima da mesa está uma carta fechada. É para ti.

Fazem-me falta vidas para mim.
Tempos de silêncio, de adormecimento, de ausência do mundo, a sós comigo e com o meu pensar, sem horários ou encargos, sem funções ou obrigações.
Apenas perdida cá dentro à procura de caminhos no labirinto do que sou, no tempo do que fui, nos sonhos que quero ser…
Disposta a deixar correr os minutos entre os dedos, sem sentir a angústia da perda, da transgressão, da responsabilidade, sem contar as tarefas que me faltam cumprir, sem me achar em falta por usufruir deste prazer, por precisar dele.
Horas vazias de promessas feitas ou esperadas, tempo sem destino nem justificações.
Parti.
Marquei na agenda os dias sem culpa.
Os dias que são meus.
O tempo que tenho que guardar para que não me falte o amor, a paciência, a alegria, a energia, o vigor, o ânimo e vontade para continuar a viver em felicidade com os que amo e a quem faço feliz

Espera por mim


Ass.