as tabernas
viagens na minha terra #1
Vi um dia destes uma reportagem de uma associação de defesa das antigas tabernas. Um grupo de pessoas que, preocupado com o desaparecimento daqueles espaços, lançou uma luta quixotesca contra o inevitável fluir do tempo, em defesa das tabernas traicionais, espaços de inspiração, de conspiração, de encontro, além do comum consumo.
Lembrei-me da taberna da terra da minha avó.
Aquela onde entrei a correr para comprar rebuçados ou pastilhas gorila, grandes, de morango ou banana, cheias de açúcar… enchiam a boca. Hoje, as pastilhas elásticas são elegantes, sofisticadas, pequenas, com sabores exóticos. As gorila combinavam com as tabernas que cheiravam a anis.
Entrava a correr na taberna, comprava os rebuçados e as pastilhas com as mesadas de Verão, reforçadas pelos mimos dos avós, e voltava para o mundo das brincadeiras, daquelas tardes eternas que acabavam muito depois da hora do jantar.
Na taberna da Tia Orana e do Tio Vítor havia feijão e grão vendidos ao litro, havia vinho, muito vinho, tinto e escuro, com um cheiro forte. Havia açúcar amarelo. Sempre! Havia leite que vinha directamente da vacaria e era medido nas vasilhas que as mães e as avós levavam de casa.
Lá fora, a aldeia tinha vida, havia barulho, movimento, animais, gente, muita gente. Agora a taberna está fechada.
O tio Vítor ainda anda por lá. Mas já não abre a Taberna, só em dias de festa. Nas ruas já não se encontra ninguém. Os campos estão abandonados e as casas só se enchem no Verão, com os filhos da terra que aparecem para matar saudades, mas que rapidamente voltam para as suas casas, longe dali.
Na terra, a Taberna foi substituída pelo Café Central.
Modernices!
Um café grande, amplo, luminoso, com máquinas de jogos. Mas por estes dias também esse está fechado, recebendo apenas alguns poucos clientes ao fim do dia quando há futebol ou ao fim de semana. Mas a taberna, quando abre, ainda tem a magia dos bons velhos tempos, cheira a infância, a sorrisos e a anis.
Eu também quero salvar as tabernas. Principalmente a taberna fresca do Tio Vítor com as pipas arrumadas ao canto.
viagens na minha terra #1
Vi um dia destes uma reportagem de uma associação de defesa das antigas tabernas. Um grupo de pessoas que, preocupado com o desaparecimento daqueles espaços, lançou uma luta quixotesca contra o inevitável fluir do tempo, em defesa das tabernas traicionais, espaços de inspiração, de conspiração, de encontro, além do comum consumo.
Lembrei-me da taberna da terra da minha avó.
Aquela onde entrei a correr para comprar rebuçados ou pastilhas gorila, grandes, de morango ou banana, cheias de açúcar… enchiam a boca. Hoje, as pastilhas elásticas são elegantes, sofisticadas, pequenas, com sabores exóticos. As gorila combinavam com as tabernas que cheiravam a anis.
Entrava a correr na taberna, comprava os rebuçados e as pastilhas com as mesadas de Verão, reforçadas pelos mimos dos avós, e voltava para o mundo das brincadeiras, daquelas tardes eternas que acabavam muito depois da hora do jantar.
Na taberna da Tia Orana e do Tio Vítor havia feijão e grão vendidos ao litro, havia vinho, muito vinho, tinto e escuro, com um cheiro forte. Havia açúcar amarelo. Sempre! Havia leite que vinha directamente da vacaria e era medido nas vasilhas que as mães e as avós levavam de casa.
Lá fora, a aldeia tinha vida, havia barulho, movimento, animais, gente, muita gente. Agora a taberna está fechada.
O tio Vítor ainda anda por lá. Mas já não abre a Taberna, só em dias de festa. Nas ruas já não se encontra ninguém. Os campos estão abandonados e as casas só se enchem no Verão, com os filhos da terra que aparecem para matar saudades, mas que rapidamente voltam para as suas casas, longe dali.
Na terra, a Taberna foi substituída pelo Café Central.
Modernices!
Um café grande, amplo, luminoso, com máquinas de jogos. Mas por estes dias também esse está fechado, recebendo apenas alguns poucos clientes ao fim do dia quando há futebol ou ao fim de semana. Mas a taberna, quando abre, ainda tem a magia dos bons velhos tempos, cheira a infância, a sorrisos e a anis.
Eu também quero salvar as tabernas. Principalmente a taberna fresca do Tio Vítor com as pipas arrumadas ao canto.
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