terça-feira, setembro 20, 2005

nunca mais...

Calou-se. Sem forças para continuar e contrariando até a sua natureza de adepta do diálogo, da argumentação e da discussão, ficou calada, quieta, imóvel… Percebeu que o caminho estava trilhado... Compreendeu, sorriu e calou-se. Fê-lo tão peremptoriamente que ele percebeu… e não foi preciso dizer mais nada.
Levantou-se e saiu…

Quando ele deixou a casa para trás, vazia, alta, branca, silenciosa… a porta ficou aberta. Era uma porta antiga, pesada, de madeira velha, muito polida. Agora batia, batia com o vento e entreaberta mostrava a chuva lá fora….

A tempestade tinha piorado… ou se calhar só agora, com a casa em silêncio, já sem gritos ou discussões é que conseguiu ouvir a chuva a cair e o vento a atravessar o pomar, em fúria.
Ela ficou na porta, a sentir a chuva a escorrer-lhe pela pele, ficou ali, com a porta aberta e gritou… Gritou muito alto, para que ele a ouvisse, para que ela se convencesse, para que a tempestade passasse… Gritou

A extensão do 'nunca mais' depois de ti vai até à morte do universo. E é sobretudo isso que o torna …. completamente irreversível

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Gosto da forma como escreves, é intensa e musical, é sentida e real. Fazes-me sentir assim também. Mais vivo.

Rui

4:33 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home