O casaco que me deste
Ontem à noite deambulei pela cidade. Passeei sozinha, sem rumo. As ruas já estão iluminadas, a música natalícia lembra-me a proximidade do fim do ano. Apetecia-me estar de volta a casa. Esta distância pesou-me nos últimos tempos. A viagem já marcada e a decisão tomada sossegaram-me. Ter de novo certezas trouxe-me alguma serenidade.
Meti as mãos nos bolsos e caminhei com ânimo. Invejei os sorrisos das famílias que passaram por mim, invejei a conversa animada daquele casal sentado junto à janela do meu café preferido.
Estava frio. Encolhi-me dentro do meu casaco castanho de pele de ovelha. Comprei-o quando fomos à Serra da Estrela, lembras-te? Aliás, foi um presente teu. É mesmo muito quente! Está já gasto pelo tempo, principalmente nos cotovelos. Tu sabes!
Foi sempre assim, apoiada nos cotovelos, de cabeça pousada nas mãos, de olhos muito abertos e de sorriso à espreita, que gostei de te ouvir, que fiquei à espera de descobrir as histórias que me contaste.
Agora está gasto. O tempo levou-lhe a frescura.
O mesmo tempo que me leva a vida para longe. Passo os dias na busca das peças que me faltam no puzzle da felicidade. Junto todos os momentos, à espera que nada me escape, à espera do tudo. À espera de viver só o que me faça feliz. Mas o tempo gastou a minha ingenuidade, agora tenho as expectativas moldadas ao que encontro nos outros, tal como o casaco se conformou aos meus braços e hábitos.
O tempo gastou o casaco que me deste.
Ontem à noite deambulei pela cidade. Passeei sozinha, sem rumo. As ruas já estão iluminadas, a música natalícia lembra-me a proximidade do fim do ano. Apetecia-me estar de volta a casa. Esta distância pesou-me nos últimos tempos. A viagem já marcada e a decisão tomada sossegaram-me. Ter de novo certezas trouxe-me alguma serenidade.
Meti as mãos nos bolsos e caminhei com ânimo. Invejei os sorrisos das famílias que passaram por mim, invejei a conversa animada daquele casal sentado junto à janela do meu café preferido.
Estava frio. Encolhi-me dentro do meu casaco castanho de pele de ovelha. Comprei-o quando fomos à Serra da Estrela, lembras-te? Aliás, foi um presente teu. É mesmo muito quente! Está já gasto pelo tempo, principalmente nos cotovelos. Tu sabes!
Foi sempre assim, apoiada nos cotovelos, de cabeça pousada nas mãos, de olhos muito abertos e de sorriso à espreita, que gostei de te ouvir, que fiquei à espera de descobrir as histórias que me contaste.
Agora está gasto. O tempo levou-lhe a frescura.
O mesmo tempo que me leva a vida para longe. Passo os dias na busca das peças que me faltam no puzzle da felicidade. Junto todos os momentos, à espera que nada me escape, à espera do tudo. À espera de viver só o que me faça feliz. Mas o tempo gastou a minha ingenuidade, agora tenho as expectativas moldadas ao que encontro nos outros, tal como o casaco se conformou aos meus braços e hábitos.
O tempo gastou o casaco que me deste.
2 Comments:
Excelente! Continua assim.
Ps: Quem te deu esse casaco? ;)
P.
Eu já te dei um casaco que nunca usaste.
:p
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