sexta-feira, julho 23, 2004

Adeus Carlos
Ouvi agora na TSF. Morreu o Carlos Paredes. A saudade chegou ao som dos Verdes Anos. Veio-me à memória a sua figura alta, pacata, discreta, de óculos, quieto. Apenas uma característica: GÉNIO.
Depois um enorme desfiar de memórias de todos....
“Músico com dom de anjo. O Carlos!? Toca a saudade, vive e respira a música. A alma portuguesa aprendeu a falar através das suas notas. Um português raro”
Muitas frases já ditas esta manhã. Muitas mais se dirão sobre ele, hoje, amanhã, ainda Domingo, talvez durante a próxima semana.... e.... regressará o silêncio outra vez. Mas ontem…. Ontem, quando ele ainda estava cá, ninguém se lembrou de lhe dedicar uma frase, uma palavra.
Nem eu

Manuel Alegre, amigo pessoal de Carlos Paredes, dedicou-lhe um dia um poema. Aqui fica!

A Guitarra  (A Carlos Paredes)


A palavra por dentro da guitarra
a guitarra por dentro da palavra.
Ou talvez esta mão que se desgarra
(com garra com garra)
esta mão que nos busca e nos agarra
e nos rasga e nos lavra
com seu fio de mágoa e cimitarra.

Asa e navalha. E campo de Batalha.
E nau charrua e praça e rua.
(E também lua e também lua).
Pode ser fogo pode ser vento
(ou só lamento ou só lamento).

Esta mão de meseta
voltada para o mar
esta garra por dentro da tristeza.
Ei-la a voar ei-la a subir
ei-la a voltar de Alcácer Quibir.

Ó mão cigarra
mão cigana
guitarra guitarra
lusitana.

(FIM)

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Perguntaram ao Carlos porque é que continuava a trabalhar quando podia muito bem viver apenas da musica.
Resposta:
" Amo demasiado a musica para viver à custa dela "

6:05 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home