segunda-feira, junho 13, 2005

Adeus

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
sem esperas inúteis.
(…)
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas
Adeus.

Eugénio de Andrade

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Gosto das tuas palavras e das de Eugénio de Andrade que escolheste para colocar no teu blog. Gostava também de conversar contigo olhos nos olhos, sobre o que tu quisesses, à mesa de um jantar calmo. Quando aceitas o meu desafio?

tu sabes de quem...
beijo

12:02 da manhã  

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