segunda-feira, outubro 17, 2005




Pediste-me um nome, um título para uma sequência de fotografias, imagens que tinhas guardadas e que hoje inesperadamente partilhaste comigo. Não sei se o desafio surgiu porque me achas criativa ou imaginativa, não sei se esta solicitação encerra um elogio, assim tão rasgado. Mas duvido. Duvido. E esta desconfiança surge porque da nossa vivência já te percebi parco nos elogios, mas muito, muito exigente contigo e com os outros, ainda assim gostei. Gostei do desafio, devolvo-te a resposta de forma inesperada. Desta vez surpreendo-te.

Numa tarde luminosa, no Verão que agora termina, entre amigos e ao sabor do agradável torpor do dolce fare niente, tu, armado em fotógrafo, capturaste a luminosidade que enchia a praia. Tomaste como refém a luz que dançava distraída nas ondas.
Ficaste ali, imóvel naquele momento, enquanto mergulhavas embalado nas águas do mar, em busca de uma serenidade revolta. Ainda hoje lá estás, estático, naquele momento, naquela tarde de Verão, naquelas férias.

Ainda hoje te visitas, quando os dias correm menos bem, quando o tempo livre deixa, quando te apetece descansar, quando assim o decides… Partes e vais até lá. Ficas ali, sentado ao pé de ti, enquanto te imortalizas nesse momento de paz. Nessa quase felicidade.

E assim, quase sem dares por isso, encontrei secretamente a forma de intitular o teu “trabalho” daquela tarde ventosa e iluminada de Verão. Partiste em busca de nada, e encontraste-te numa Impetuosa Tranquilidade, no meio de uma Imperturbável Inquietude, entre jogos de Luz e Sombra, de Paz e Revolta, quase como se a tua vida estive ali, espelhada naquele mar.