quinta-feira, dezembro 09, 2004

Memória(s)

Perceber a mente humana é algo que me fascina. A memória, o seu funcionamento e as suas particularidades são áreas que me interessam. Há vários tipos de memória (verdades do Monsieur La Palisse). A minha e a relação que com ela mantenho, desde que me conheço, exerce sobre mim uma pressão por vezes incomportável.
Não foram raros os dias em que quis não ter esta memória. Lembrar mantém o que senti sempre vivo, sempre forte, sempre presente. Como se o tempo não tivesse passado.

Consigo lembrar-me de quase tudo com uma nitidez assustadora. Tenho memórias que me levam ao meu tempo de bebé, hora após hora, dia após dia, pouco consegui apagar, com a particularidade de ao recordar me ver a viver o passado, mas já de fora. Vejo-me como se fosse uma testemunha de mim, presencio-me.

Estou cansada de ser assim.

Troco de bom grado quase todas as memórias que me ocupam espaço vital e precioso pela capacidade de reter e lembrar tudo o que ler, aprender, conhecer e descobrir de hoje em diante.
Pelos vistos a minha memória mais forte é a memória referencial declarativa episódica, no entanto sinto-me a perder gradualmente a memória declarativa semântica e quero, com urgência, reverter este processo.