quinta-feira, dezembro 29, 2005

um dia
.... cheguei ao pé de ti e perguntei.
Nunca te sentes sozinho? Sentei-me e fiquei. Sorriste. Li algures que as pessoas que sorriem são mais bem sucedidas na vida. Desde esse dia deixei de sorrir tanto, não quero pensar que o meu sorriso compra o sucesso, não quero pensar nas razões porque se abre o meu rosto num sorriso sentido, só quero que o que me ilumina invada a vida que vivo por inteiro. Que o sorriso comece nos olhos e nos lábios e manche tudo à minha volta.

Um dia cheguei ao pé de ti e pedi.
Não deixes que eu me vá embora! Não abras a mão que agarra os meus dedos pequeninos. Prendeste-me a ti, acorrentada às tuas mãos quentes e fortes. Fiquei quieta e ouvi-te cantar canções inventadas da cor do amor.

Um dia sentei-me ao pé de ti e estavas à minha espera.
Em silêncio abriste o livro e começaste a ler com voz segura e límpida “Tanto de meu estado me acho incerto/ Que em vivo ardor tremendo estou de frio/ Sem causa, juntamente choro e rio/O mundo todo abarco e nada aperto”.

Um dia nasceu o sol e estavas à minha porta.
Esperavas para me contar as histórias que pensaste enquanto seguravas a minha mão pequenina no bolso do teu casaco. Nesse dia passámos pelo jardim e percorremos com passos firmes a calçada que liga a casa à estrada velha, ultrapassámos o portão de ferro pesado e continuamos a andar.

Um dia abracei em ti o mundo inteiro.