quinta-feira, fevereiro 16, 2006



como as cerejas

Horas. Estamos à conversa há horas. Não olho para o relógio. Não vou sair daqui. Cheira a maças assadas com caramelo. As palavras surgem como cerejas, frescas, tenras, maduras, doces. E os assuntos sucedem-se como se conversássemos desde sempre. Como se este fosse o nosso hábito. A rotina que construímos. Não é. Não é velho este prazer, não é antigo este gostar.
Horas. Está frio, e conversámos há horas. Uma conversa de um dia normal, porque o que importa é este momento, o instante em que te ris alto. Gostava de te dizer que fico contente por falar contigo e te saber de sorriso de orelha a orelha. Gostava e digo.
Percebeste? Gosto.
E depois as cerejas. Sempre maduras, doces, saborosas, e depois a conversa, a nossa, ainda, porque é noite lá fora, e cá dentro a vida segue sem pressas. As palavras, intensas, efémeras, minhas, tuas, nossas e uma conversa… longa, confortável, como se fosse assim todos os dias.