non sense
Enquanto olho a lareira acesa vejo a vida inteira em flashes iluminados cadenciados e sequenciais. Não estão ordenados, nem por data, nem por intensidade, nem por sentires, aparecem por vontade própria, para me mostrar o que fui.
Fotografias mentais de momentos, de pessoas, de lugares, de sorrisos. Os flashes sucedem-se e já não estou à lareira, já estou numa sala escura, de olhos fixos no ecrã luminoso. E por instantes desvio a atenção do filme e perco-me dentro de mim, com o sonho de olhos abertos a correr rápido, acelerado, fluído. Ás vezes acho que não sou eu. Olho-me e não sou eu ali presa nos flashes luminosos que me invadem sem aviso.
Pressinto que no meio de tantos pensamentos e sonhos me apoderei da vida de outros. Faço da história alheia a minha memória e organizo em mim lembranças de viagens, de carinhos de familiares, de passeios enamorados que nunca fiz, que nunca vivi, que nunca conheci.
Reconheço-me quando a memória me traz a minha infância, os amigos, os diálogos, os medos, os desejos, depois volto a perder-me no meio dos flashes que não reconheço, na memória das vozes que nunca ouvi, dos recantos de casas onde não estive, de lembranças de cidades que nunca visitei, de rostos e de expressões de pessoas que não sei o nome e com quem nunca me cruzei.
E os flashes não param. Agora estou ao teu lado, no carro, enquanto a lua cheia ilumina a estrada, invadem-me memórias da vida de quem connosco se cruza no caminho, chego a casa com eles, sinto a vida alheia e regresso ao carro contigo, estamos de mão dada e continuas a contar-me o teu dia. Agora cheira-me a pão quente. No meio das imagens chega-me o meu corpo a preto e branco à janela, envolto num véu branco, transparente e vaporoso. Não está frio.
Enquanto olho a lareira acesa vejo a vida inteira em flashes iluminados cadenciados e sequenciais. Não estão ordenados, nem por data, nem por intensidade, nem por sentires, aparecem por vontade própria, para me mostrar o que fui.
Fotografias mentais de momentos, de pessoas, de lugares, de sorrisos. Os flashes sucedem-se e já não estou à lareira, já estou numa sala escura, de olhos fixos no ecrã luminoso. E por instantes desvio a atenção do filme e perco-me dentro de mim, com o sonho de olhos abertos a correr rápido, acelerado, fluído. Ás vezes acho que não sou eu. Olho-me e não sou eu ali presa nos flashes luminosos que me invadem sem aviso.
Pressinto que no meio de tantos pensamentos e sonhos me apoderei da vida de outros. Faço da história alheia a minha memória e organizo em mim lembranças de viagens, de carinhos de familiares, de passeios enamorados que nunca fiz, que nunca vivi, que nunca conheci.
Reconheço-me quando a memória me traz a minha infância, os amigos, os diálogos, os medos, os desejos, depois volto a perder-me no meio dos flashes que não reconheço, na memória das vozes que nunca ouvi, dos recantos de casas onde não estive, de lembranças de cidades que nunca visitei, de rostos e de expressões de pessoas que não sei o nome e com quem nunca me cruzei.
E os flashes não param. Agora estou ao teu lado, no carro, enquanto a lua cheia ilumina a estrada, invadem-me memórias da vida de quem connosco se cruza no caminho, chego a casa com eles, sinto a vida alheia e regresso ao carro contigo, estamos de mão dada e continuas a contar-me o teu dia. Agora cheira-me a pão quente. No meio das imagens chega-me o meu corpo a preto e branco à janela, envolto num véu branco, transparente e vaporoso. Não está frio.
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