segunda-feira, outubro 24, 2005

cheira tão bem o café...

Desculpa. Hoje não me apetece falar.
Não me apetece a tua compreensão, nem a tua calma ou serenidade. Não me apetecem os teus olhos verdes a perscrutarem-me. Apetece-me subir para a cadeira, aqui na esplanada e recitar poemas. Apetece-me olhar o sol, sentir o vento na cara e cantar. Cantar muito alto enquanto bebo um café (quentinho). Cheira tão bem o café.

Não me apetece. Estou só sentada enquanto te oiço perguntar-me o de sempre. Estou cansada que a nossa relação seja este desfiar de histórias, de mágoas, de marcas , as minhas, essas marcas que ainda não são feridas e, que se calhar um dia destes se abrem em golpes fundos, dolorosos e crus, quase em sangue.

Falas. Eu estou só à mesa do café. Falas. Eu já estou lá fora, empoleirada no parapeito, junto à praia. Finjo que sou acrobata e sonho. Sonho tão alto que percebes que não te estou a ouvir. Depois és tu a olhar para mim e eu já estou lá baixo na praia, no meio da água revolta, com a roupa molhada. Não tenho frio.

Agora olho para ti e já estou a sorrir, a saltar no meio das ondas. A praia está vazia. É Inverno. Venho a correr e dou-te um abraço apertado. Desculpa. Hoje só quero levar-te pela mão.