E se a minha vida fosse um filme?
Tento começar o argumento da vida que é minha, compro um PDA e arrumo-a meticulosamente. Deixo de viver, e vivo dentro do PC, com agendas ordenadas, com contactos actualizados, com listas alfabéticas de tarefas, de deveres, de prazeres programados. Não vivo, sincronizo-me com a racionalidade. O filme da minha vida é perfeito.
E se tenho que contar uma vida perfeita prefiro ir por aí e plagiar autores consagrados. Sim, autores premiados que escrevam frases irrepreensíveis, cheias de sentido e sentimento e muito, muito complicadas… Palavras que eu possa roubar como se trouxesse flores colhidas no jardim. Mas não encontro nos escritores conhecidos a vida que queria perfeita, a história que queria minha.
Prefiro escrever o meu argumento como escrevem os artistas e os poetas, escrever sem nexo, sem causa, sem cor, sem credo, despojada… Mas não, só escrevo como digo “Bom dia” quando passo pelo vizinho, só sei escrever como digo “Vou comprar o jornal”. Escrevo como estou à mesa de um café, sempre eu, sempre evidente, sempre transparente… sempre linear.
Agora, aqui sentada, a tentar escrever o argumento do meu existir, é como se estivesse a ensaiar a vida, a praticar primeiro para viver depois, amanhã ou um dia destes. Começo o filme a tentar escrever histórias pequenas, a tentar sair do mundo, devagar, devagarinho, como se fosse um balão de ar quente a subir, a subir, mas com um fio longo preso ao chão…
Escrevo lado a lado com o mundo, estamos os dois sentados à secretária. Estamos calados. De vez em quando ele chega-se a mim e espreita para o monitor. Eu finjo que não vejo e continuo.
Na minha secretária estou assim, rodeada de tudo o que é meu, dos meus livros, dos meus lápis, dos meus desenhos, dos meus pincéis, dos meus CD’s… gosto de me encontrar aqui, quase como se eu fosse também uma das minhas coisas.
Agora a história já está toda cá, debaixo dos meus dedos, sai quase em silêncio, à flor da pele….
Tento começar o argumento da vida que é minha, compro um PDA e arrumo-a meticulosamente. Deixo de viver, e vivo dentro do PC, com agendas ordenadas, com contactos actualizados, com listas alfabéticas de tarefas, de deveres, de prazeres programados. Não vivo, sincronizo-me com a racionalidade. O filme da minha vida é perfeito.
E se tenho que contar uma vida perfeita prefiro ir por aí e plagiar autores consagrados. Sim, autores premiados que escrevam frases irrepreensíveis, cheias de sentido e sentimento e muito, muito complicadas… Palavras que eu possa roubar como se trouxesse flores colhidas no jardim. Mas não encontro nos escritores conhecidos a vida que queria perfeita, a história que queria minha.
Prefiro escrever o meu argumento como escrevem os artistas e os poetas, escrever sem nexo, sem causa, sem cor, sem credo, despojada… Mas não, só escrevo como digo “Bom dia” quando passo pelo vizinho, só sei escrever como digo “Vou comprar o jornal”. Escrevo como estou à mesa de um café, sempre eu, sempre evidente, sempre transparente… sempre linear.
Agora, aqui sentada, a tentar escrever o argumento do meu existir, é como se estivesse a ensaiar a vida, a praticar primeiro para viver depois, amanhã ou um dia destes. Começo o filme a tentar escrever histórias pequenas, a tentar sair do mundo, devagar, devagarinho, como se fosse um balão de ar quente a subir, a subir, mas com um fio longo preso ao chão…
Escrevo lado a lado com o mundo, estamos os dois sentados à secretária. Estamos calados. De vez em quando ele chega-se a mim e espreita para o monitor. Eu finjo que não vejo e continuo.
Na minha secretária estou assim, rodeada de tudo o que é meu, dos meus livros, dos meus lápis, dos meus desenhos, dos meus pincéis, dos meus CD’s… gosto de me encontrar aqui, quase como se eu fosse também uma das minhas coisas.
Agora a história já está toda cá, debaixo dos meus dedos, sai quase em silêncio, à flor da pele….
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home