O meu livro
Um dia acordei e em segredo tinha juntado as letras que completam estas palavras. Arrumei as frases o melhor que pude e as folhas deixaram de ser brancas e vazias. Depois alegrei-me porque o meu segredo existia enfim. Podia olhar em volta com um sorriso nos lábios na expectativa que alguém aparecesse e tocasse o que tinha nas mãos. Eu era um livro aberto à espera.
Pousei-me no sofá e fiquei a ouvir a música enquanto descansava os dedos em cada página de mim.
Escrevi-me quase sempre para chegar mais perto de ti. Poucas vezes o consegui. Poucas vezes. Mas foi sempre um prazer. Foi um prazer ficar. Ficar entre as palavras. Sem amanhãs. Ficámos. Estamos aqui há muito tempo. Choveu e o dia passou. Olho-me ao espelho e vejo-me com o livro nas mãos.
Não vou pedir que me leias. Agora já não. Agora sou só eu. Eu, com o livro em cima dos joelhos a encontrar-me nas palavras como se fosse a primeira vez.
De quem é esta história? Perguntei-me alto enquanto me ouvia a cantar, sempre com o livro aberto em cima dos joelhos. Sorri…
Prometi que um dia escrevia um livro sério, sóbrio e relevante. Prometi. Mas não foi assim que nasceu. Cresceu sem eu dar conta assim, livre, rebelde, indisciplinado, quase desobediente….
Podia pegar no meu livro e contar-te muitas histórias, podia explicar-te porque gosto de ver o fogo a consumir o que escrevo, podia dizer-te que gosto de saltar na cama, mais alto, tão alto, podia segredar-te que gosto de correr descalça, podia mentir-te e dizer-te que sim, podia fingir que gosto muito de chocolate, podia dizer-te que tenho um segredo guardado no bolso da camisa que visto, podia. Podia…. mas não digo.
Fica assim a história. Gosto dela inacabada. Mentira. Fico triste por ser assim, mas já não quero mais… E este bem pode ser o começar de uma vida diferente abençoada em nome da terra,- o nome do primeiro livro que amei. O primeiro de muitos que guardo ao lado do meu. Este que quer ser-me do avesso.
Um dia acordei e em segredo tinha juntado as letras que completam estas palavras. E não era um fim. Era só um novo princípio.
Um dia acordei e em segredo tinha juntado as letras que completam estas palavras. Arrumei as frases o melhor que pude e as folhas deixaram de ser brancas e vazias. Depois alegrei-me porque o meu segredo existia enfim. Podia olhar em volta com um sorriso nos lábios na expectativa que alguém aparecesse e tocasse o que tinha nas mãos. Eu era um livro aberto à espera.
Pousei-me no sofá e fiquei a ouvir a música enquanto descansava os dedos em cada página de mim.
Escrevi-me quase sempre para chegar mais perto de ti. Poucas vezes o consegui. Poucas vezes. Mas foi sempre um prazer. Foi um prazer ficar. Ficar entre as palavras. Sem amanhãs. Ficámos. Estamos aqui há muito tempo. Choveu e o dia passou. Olho-me ao espelho e vejo-me com o livro nas mãos.
Não vou pedir que me leias. Agora já não. Agora sou só eu. Eu, com o livro em cima dos joelhos a encontrar-me nas palavras como se fosse a primeira vez.
De quem é esta história? Perguntei-me alto enquanto me ouvia a cantar, sempre com o livro aberto em cima dos joelhos. Sorri…
Prometi que um dia escrevia um livro sério, sóbrio e relevante. Prometi. Mas não foi assim que nasceu. Cresceu sem eu dar conta assim, livre, rebelde, indisciplinado, quase desobediente….
Podia pegar no meu livro e contar-te muitas histórias, podia explicar-te porque gosto de ver o fogo a consumir o que escrevo, podia dizer-te que gosto de saltar na cama, mais alto, tão alto, podia segredar-te que gosto de correr descalça, podia mentir-te e dizer-te que sim, podia fingir que gosto muito de chocolate, podia dizer-te que tenho um segredo guardado no bolso da camisa que visto, podia. Podia…. mas não digo.
Fica assim a história. Gosto dela inacabada. Mentira. Fico triste por ser assim, mas já não quero mais… E este bem pode ser o começar de uma vida diferente abençoada em nome da terra,- o nome do primeiro livro que amei. O primeiro de muitos que guardo ao lado do meu. Este que quer ser-me do avesso.
Um dia acordei e em segredo tinha juntado as letras que completam estas palavras. E não era um fim. Era só um novo princípio.