quinta-feira, março 31, 2005

Disseste-me
... que um blog não pode ser um diário.
Disseste-me que um blog é público, não tem chave, não está guardado nem reservado.
Disseste-me que o meu blog não pode ser um diário porque está exposto aos olhares e às leituras de qualquer um, mas quase ninguém sabe ler-me.
Explicaste-me, sempre muito compenetrado, que quase ninguém quer saber o que penso, o que sinto, do que quero falar além das conversas de todos os dias.
As páginas do blog têm cor, mas sentes falta do cheiro, da textura, da materialidade. Queixaste-te que só escrevo o que os outros podem ler.
Ouvi-te em silêncio.
Mas… eu nunca te disse que o blog é um diário!

quarta-feira, março 30, 2005

Desabrochar

Ando devagar porque já tive pressa
Levo este sorriso porque já chorei tudo
Hoje sou mais forte
Mais feliz até!
Vou pela estrada que sou
Tenho o caminho que fui
É preciso chuva… para desabrochar

terça-feira, março 29, 2005

A voz das acções

Sabemos aquilo que os outros pensam, não pelo que dizem, mas pelo que fazem...

domingo, março 27, 2005

ter saudades

Ter saudades é perceber a importância de quem nos faz sorrir!
É querer ser a pessoa em que nos tornamos cada vez que sorrimos!

Sentir saudades de alguém é querer sentir a sua influência em nós, é perceber a falta do tanto que partilhamos com essa pessoa e querer voltar a ser o que somos quando estamos bem acompanhados!

A saudade, sendo um sentimento de partilha e de dádiva, é no entanto, mais… Por querermos essa presença, revelamos um sentir que projecta egoísmo. Vemos o mundo a partir das nossas necessidades, como no primeiro dia em que chorámos quando, de repente nos vimos fora do mundo original e tivemos que nascer.

Será que nesse momento sentimos saudades do antes?

segunda-feira, março 21, 2005

Dia Mundial da Poesia

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

Ser Poeta - Florbela Espanca

domingo, março 20, 2005

singing in the rain

I'm singing in the rain, what a glorious feeling I m happy again...
I'm laughing at clouds so dark, up above
The sun's in my heart and I'm ready for love
Come on with the rain I've a smile on my face

quinta-feira, março 17, 2005

Terra do sempre

Apesar de não ter formação específica na área da publicidade fico muitas vezes presa nas frases, nas imagens, nas histórias, nas estratégias e nas opções das campanhas publicitárias.
Rádio, televisão, revistas, jornais, outdoors entram em conflito para me disputar atenção e olhares mais demorados.

Este mundo de faz de conta, de ilusão e de criação de necessidades exerce sobre mim e não só, um fascínio enorme. E não só, porque no meio de uma tarde solarenga, à hora em que Portugal inteiro labuta e produz, recebi ainda um destes dias um sms completamente descontextualizado “Gosto Muito do novo anúncio da coca-cola! E tu!?”
A verdade é que gosto. Gosto até bastante. Porque por momentos sou outra vez adolescente, apaixonada, capaz de agarrar o mundo inteiro e SONHARRRR.
Qualquer dia mudo-me para a Casa da Publicidade em Paris e fico lá perdida na Terra do Sempre!.

A Casa da Publicidade é patrocinada pelo Ministério da Cultura e da Comunicação, pelo Ministério da Economia e pelo Ministério da Educação Nacional, da Pesquisa e da Tecnologia Franceses.
Sob uma imensa cobertura de vidro, 300.000 filmes repousam em amplas prateleiras dispostas entre longas colunas sustentando aparelhos de televisão que apresentam, sem interrupção, spots sobre a história da publicidade televisiva.

quarta-feira, março 16, 2005

Doente

A minha paixão quase loucura pelos livros está doente.
Não me consigo concentrar, não me consigo reter por mais do que breves minutos. Não me afundo nas letras até viver dentro dos livros.
Cobiço com todas as forças os meus dias de outrora em que ficava perdida em qualquer lugar enterrada nas tantas e tantas páginas que lia.

Quero voltar a mergulhar na leitura.
Quero poder ler com prazer.

A obrigação de passar o meu tempo a ler e a reler, a criar e a recriar, a escrever e a reescrever entorpeceu o meu amor, a minha paixão pelos livros.
Mas e essência do amor ainda prevalece. Gosto de ter livros, de os comprar, de os cheirar e tocar, de os folhear e descobrir, de os começar….
Começo livro atrás de livro, mas depois invade-me um cansaço, uma vontade de querer saber tudo já, de imediato, sem ter que saborear páginas e páginas de descrições, encontros e desencontros. Por andar sempre a correr a leitura parece-me agora calma demais para me prender.

Agora que me confrontei com a realidade. Agora que me penitenciei.
Mea Culpa. MEA CULPA.
Espero que a falta de atenção e serenidade se dissipem e as leituras voltem como se nunca tivessem adormecido.

terça-feira, março 15, 2005

Under my skin

Entrei e comecei logo a dançar.
Como sempre.

A música alta envolveu-me e levou-me pela mão até ao meio da pista. Abandonei-me à melodia e esqueci-me dos outros. Flutuei durante horas. Sorri sozinha. A meio da noite, quase por instinto abri os olhos e encontrei-te.
Entre a multidão cantavas-me enquanto sorrias…You make me feel...You make me shine

Naquela noite acreditei no amor à primeira vista, acreditei em príncipes e histórias de amor. Vi-te perfeito, meu, amante e amado ao som da música….
And I know I can feel bad/ When I get in a bad mood/And the world can look so sad/Only you make me feel good...

Depois, senti o teu cheiro, adivinhei-te perto, abri os olhos e já eras a minha vida. Sussurámos baixinho....I got you under my skin...I got you under my skin

domingo, março 13, 2005

Pelo avesso

Vi-me do avesso.
Senti-me frágil, desarmada, impotente.
O poder estava noutras mãos que não as minhas, onde sempre esteve, onde me habituei a tê-lo e a senti-lo.
Não gostei.
Reuni forças, fechei os olhos e abstraí-me. Voltei a mim.
Vi-me de outra perspectiva e lembrei-me de Chico Buarque… Te adorando pelo avesso

terça-feira, março 08, 2005

Para elas e não só...

It's a woman's world

It's a woman's world
It's a woman's world, a woman's world

She was the doe who mothered Bambi
I was the brave and magnificent stag
Let's not pretend I'm more than handy
Now that the pussy cat's out of the bag
'Cause it's a woman's world
I was not asked, I was not confronted
But I must admit
In most ways it's the thing that I wanted

Now it's a woman's world, don't get excited
It's a woman's world, 'cause it always was
It's a woman's world, don't fight the feeling
It's a woman's world, a woman's world

She will outlive me, that's for certain
It's a statistical fait accompli
And when I make that final curtain
She'll write an embarrassing book about me
'Cause it's a woman's world
It's been declared, just lower your weapon
And I must admit
It crossed my mind this finally would happen

Now it's a woman's world, nobody panic
It's a woman's world,
'cause it always was
It's a woman's world, and you're gonna love it
It's a woman's world, a woman's world

Every eye gets a little wetter in a woman's world
And every child gets fed much better in a woman's world
We may hold our grudges a little longer in a woman's world
But when we break down the love's so much stronger in a woman's world
And white boy, you come around here
With nothin' but a handful of cash
You need a big black mamma to teach you some manners
And a little blonde to wash your ass

'Cause don't you know that it's a woman's world
It's a woman's world,
'cause it always wasIt's a woman's world, take me,
I'm readyIt's a woman's world, a woman's world

It's a woman's world
The masquerade is finally over
And I must admit I fell for it
You just have to love her

It's a woman's world
It's been declared, just lower your weapon
And I must admit
It crossed my mind this finally would happen
It's a woman's world
I was not asked, I was not confronted
But I must admit
In most ways it's the thing that I wanted

It's a woman's world
I'm ready now, I'm into the program
And I must admit
I'm trying my best at being a ladies man

In a woman's world, calm down everybody
It's a woman's world, and it always was
It's a woman's world
It's a woman's world, a woman's world

Now it's a woman's world, don't get excited
It's a woman's world,'cause it always was
It's a woman's world, don't fight that feeling
It's a woman's world, a woman's world

Everybody it's a woman's world, don't nobody freak out
It's a woman's world, 'cause it always was
It's a woman's world, and you're sure gonna love it
It's a woman's world, a woman's world

No surprises, it's a woman's world
It's a woman's world

It's absolutely fabulous

sexta-feira, março 04, 2005

Quase

Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...

Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o princípio e o fim - quase a expansão...
Mas na minh'alma tudo se derrama...
Entretanto nada foi só ilusão!

Mário de Sá-Carneiro

quarta-feira, março 02, 2005

Veritáte

É verdade que me identifico com algumas das obras produzidas no feminino, mas também há outras tantas que me apaixonam e cujos autores são homens.
Por ser mulher talvez me sinta mais próxima da produção artística das Evas de que falei, só porque reproduzem também o meu esquema mental.
Não há padrão. Há apenas arte.
Evas

Acho que tenho uma tendência feminista na arte. Algo profundamente enraizado nos meus gostos e avaliações. Algo que me ultrapassa. Esta inclinação instalou-se em mim até à revelia do meu querer. Não sou uma feminista surda às diferenças que existem entre homens e mulheres, porque de facto existem. Nem sequer me apetece desenvolver discussões filosóficas ou transcendentais sobre a matéria, sei apenas que gosto da arte produzida por mulheres.

Gosto. Gosto particularmente de Florbela Espanca, de Agustinha Bessa Luís, de Natália Correia, de Lídia Jorge, de Maria Velho da Costa, até de Inês Pedrosa, de Marguerite Duras, de Paula Rego, de Frida Kahlo, de Maria João Pires, de Maria Calas, de….

Mulheres maiores que o seu tempo e a sua história. Identifico-me com a postura de Agustinha Bessa Luís perante a vida, por vezes confundida com arrogância e sobranceria, passa pelos dias consciente do seu valor, mas muito atenta ao que a rodeia, acabei por me rever nas opiniões de Natália Correia, reunidas num livro de entrevistas que li um dia em Aveiro, numa tarde soalheira, à espera de um concerto. Esta arte transversal a todos os sectores, produzida no feminino encerra um toque de especialidade que me cativa e impressiona.
Filhas, irmãs, amantes, mães, amigas, elas são mais do que o produto do meio são a prova viva da genialidade.

terça-feira, março 01, 2005

Quem diria

O Rui Reininho (GNR) completa por estes dias 50 anos. Quem diria. A mim parece-me sempre um eterno miúdo que quis ser rebelde e foi enganado pelo tempo. Fica a saudade (dele) dos verdes anos, fica o registo de um homem do norte e fica um clássico da música nacional.

Dunasssssssss
Dunas, são como divas
Biombos indiscreto de alcatrão sujo
Rasgados por bocados de hortelã
Deitados nas Dunas, alheios a tudo
Olhos penetrantes
Pensamentos lavados

Lambemos os lábios, refrescos, gelados
Selamos segredos
Saltamos rochedos
Em camara lenta como na TV
Palavras a mais na idade dos "PORQUÊ