terça-feira, outubro 27, 2009

Miúda inteligente...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...


Florbela Espanca

domingo, outubro 25, 2009

Há certas coisas que nunca fazem sentido

Há histórias assim. Sempre a mesma conversa, continuamente a mesma atitude, até as palavras são constantes. Gastas, consumidas, agoniadas por dentro, desacertadas. Mas, em abono da verdade, as pessoas que as ouvem são outras.

São sempre, não é? Diferentes. Melhores ou piores, só o buril do tempo o dirá.

E a mudança é unicamente essa, os dias trocam os donos dos ouvidos que percebem essas palavras. E não fosse esse pormenor, há muito que a conversa se teria alterado. Provavelmente.
Ou já não haveria ninguém para ouvir.

E não há.

Ninguém fica.

quase todos perceberam.

Há histórias assim. Repetidas, dobradas, recalcadas, como se fossem novas, como se fossem outras, como se houvesse esperança. Não há. É um círculo perfeito, o fluir destas histórias. Porque na realidade há muito que perderam o Norte. E não há bússolas que valham, enquanto as letras criarem sons de sentires condenados a falhar. Mais cedo ou mais tarde.

E esta é a minha sentença em causa alheia. É sempre com uma lucidez quase doentia que vemos a vida dos outros. As ideias que temos na cabeça são assim, límpidas, podemos sempre dizer: “tem juízo”. Mas há certas coisas que nunca fazem sentido. Ou será que há certas pessoas que jamais farão sentido?

sábado, outubro 24, 2009

Plantada

Podia ficar aqui plantada, neste espaço verde que separa as estrelas do fundo do mar. Podia ficar aqui, ganho raízes facilmente, cresço à custa de chocolate quente e amores perfeitos, venha a chuva e o frio. Há sempre um jardineiro bondoso.

terça-feira, outubro 20, 2009

Não.

Não te vou dizer que estou sozinha. Tenho o ramo de flores sobre a secretária. Rosas vermelhas. Reencontrei hoje o postal que me escreveste naquele dia. Repetiste juras incessantes de amor, disseste que chegavas depressa.
A noite inteira a ouvir a mesma música. Não te vou dizer que estou sozinha. O amanhecer embaciado. O frio por fora, a inquietação na boca do estômago, o coração a bater desordenado, o sangue a fluir depressa, muito depressa. A vertigem da vida. Tenho o ramo de flores sobre a secretária. Rosas vermelhas.