terça-feira, julho 04, 2006

conta-me histórias



São histórias de amor aquelas que me pedes. São histórias de amor as que procuras quando aqui vens. Eu sei. Vens curioso, à procura de me ver reflectida nas narrativas que aqui deixo, à espera de me leres entre as linhas que invento.
Não te iludas. Não sou eu que vivo estes sentires que conto. Não sou eu que saio de mim e me olho fora do corpo, procurando perceber para onde fui.

São histórias de amor, sempre, aquelas que esperas que deixe aqui, à porta. Um presente de amor. Uma caixa simples, silenciosa e branca. Rotulada: LOVE. Só para ti. Só para que saibas…Uma história envolta em mistérios. Uma surpresa inesperada que possas desembrulhar devagar, ao sabor da tua imaginação.

São histórias de amor aquelas que me pedes. Esperas que fale de ti em segredo. Esperas. Desejas a vida que contas na história que inventaste.

Era uma vez… e começava a história. Uma história como no cinema com grandes planos, com olhares húmidos, com frases feitas. Amor I Love You. Com silêncios e a história parada à espera que alguém invente a próxima cena. Ao longe a banda sonora escolhida, na boca poemas de palavras sentidas.

Era assim o filme?

Meu amor conta-me histórias. Uma história simples, grande do tamanho dos teus braços…

“Então baixei-me ao rio e trouxe água nas mãos em concha. E derramei-ta na cabeça imensamente. E disse, Eu te baptizo em nome da Terra, dos astros e da perfeição. E tu disseste João sacrílego”. (Em nome da terra_ Vergilio Ferreira).

segunda-feira, julho 03, 2006

don't cry for Louie (vaya con dios)




Hoje. Hoje calcei os meus sapatos vermelhos e o mundo é meu. Hoje. Mulher enfim. Baby you and I we'll burn this town
Adulta, crescida e consciente! Talvez…. Vulgar, maculada e boémia! Também… Mundana, carnal e perdida! Finalmente…
Hoje já não sou eu. Sou outra. Sou se calhar quem sempre guardei por dentro. Adormecida primeiro, escondida depois à espera. Sem medo nem vergonha...
Hoje, eu e os meus sapatos vermelhos vamos descer a rua devagar.
Hoje não vou só.

Nunca chorei pelo Luís. Nunca. Nem no dia em que partiu.
Esperei. Esperei aqui. O Luís correu mundo. Foi em busca do que não tinha. Não sei o que encontrou. Não sei. Sei que um dia voltou. Voltou e eu era já quem queria ser. Dei a volta ao mundo sem sair da nossa rua. Agora o Luís sabe, sente que quer ficar.

Hoje abri o armário e calcei-os. Muito vermelhos muito brilhantes.
Hoje a cidade vai ser minha, vou descer a nossa rua sem olhar para trás. Em silêncio, vou cumprir o meu destino.

Fechar por fim a promessa: Baby you and I we'll burn this town. A promessa envelhecida de conquistar o mundo.
Enquanto caminho não penso. Enquanto olho os meus sapatos vermelhos despeço-me da nossa rua.
Esperei pelo teu regresso só para poder partir. Baby you and I we'll burn this town.