Revelações. E tenho sonhado com comboios. Sonhos estranhos, quentes. Cheios de pessoas que não conheço. Que passam, vão e voltam e apontam o dedo. E estou em estações grandes. Muito grandes. Altas, com imensas e sumptuosas escadarias. Degraus que subo. Brancos, impecavelmente limpos. Os sonhos têm luz. Uma luminosidade que ofusca, forte. Estou sentada à espera do comboio com um livro no colo.
Freud explica. Os comboios têm um significado óbvio.
O tema preferido do artista é quase sempre ele próprio.
Estou a ficar egocêntrica até nos sonhos.
E o tempo que demora uma viagem de comboio tem de servir exactamente para contar o meu sonho.
E pela manhã acordei furiosa. Irritada por não estar a dormir. Felizmente há justiça e comecei o dia na praia. Em frente ao mar. Numa esplanada. Fiz as pazes com o mundo.
E esta noite? Vou voltar à estação?