quarta-feira, agosto 31, 2005

Foi no meu sofá vermelho


Tu sabes-me bem
Tu tens um cheiro
Que mais ninguém tem
Jorge Palma




Foi no meu sofá vermelho que te beijei pela primeira vez.
São admiráveis os momentos que precedem um beijo. O turbilhão de sensações e pensamentos que nos assolam são indescritíveis… A vontade da proximidade, a urgência do toque, o desejo de união.
As respirações confundem-se. Deixamos de pensar por alguns segundos antecipando já o roçar dos lábios. Dentro de um beijo cabe intimidade, amor, curiosidade, desejo, enternecimento, carinho, ternura… ardor, calor, chama…. paixão...
Dentro dos nossos coube sempre tudo. Gosto de te beijar.
Gosto de encontrar os teus olhos enquanto te beijo, gosto de ficar ali… já tão próxima de ti que me é impossível recuar… e tu… cativo de mim


Dá-me lume
Dá-me lume
Deixa o teu fogo envolver-me
Até a música acabar
Dá-me lume
Jorge Palma

terça-feira, agosto 30, 2005

Testemunho sorridente

Apeteceu-me de repente partilhar, dar testemunho, deixar escrito e devidamente assinalado que me encontro animada, enérgica, vigorosa, praticamente feliz.

Cheia de ideias, planos e projectos. É um sentimento que me assola de quando em vez, é verdade, mas acho que é particularmente reincidente nesta fase do ano, fim de férias, início de ano lectivo. Foram tantos anos na escola que o meu ritmo biológico se habituou…. Adoro o cheiro a cadernos novos, a material escolar prontinho a estrear, adoro…. Fico com vontade de evoluir, de aprender, de mudar, de ser grande….

De resto, quis também partilhar alguma desta alegria, por ter a convicção que geralmente escrevo com mais intensidade ou entrega quando estou menos bem ou quando vivo alguma crise de melancolia mais ou menos grave :) Por isso aqui fica, a prova na primeira pessoa. Encontro-me animada, enérgica, vigorosa, praticamente feliz. Mea culpa.
Amizades

Conheci através dos blogs, pelos blogs ou com os blogs, duas mulheres, cuja vida agora vou acompanhando. Estabeleci com uma delas uma relação de proximidade, de diálogo, de partilha, de troca e entrega. Percebi, só recentemente, que uma amizade assim, não deixa de ser uma amizade, que apesar de não ter as características que se espera que uma amizade tenha, não deixa de desempenhar o mesmo papel… de bem-querer, de afeição, de aconselhamento, de presença.
Elas, são duas mulheres que têm a minha idade, que partilharam as mesmas referências musicais ou literárias, as mesmas memórias de infância, que viveram e descrevem reacções parecidas a cada descoberta da vida. Que gostam de tantas coisas que eu gosto, que tem vícios secretos semelhantes aos meus, que sonham a cores, no escuro, tal como eu.
Curiosamente as suas vidas diferem muito daquela que eu levo, ou se calhar nem tanto… Se calhar não é a organização da nossa vida que nos aproxima, mas sim a forma como sentimos essa nossa vida. Os medos, os ódios, os receios, os desejos, as dores, as mágoas, as alegrias, as vitórias, as derrotas… a sensibilidade é assustadoramente a mesma. É estranho como nos vemos, às vezes como “bichos raros”, e vamos encontrar nos outros , justamente o que julgávamos que nos distinguia e que nos deixava perdidos. Afinal encontrar um caminho pode não ser tão difícil … nem estamos sós, ainda que o sintamos profundamente.

segunda-feira, agosto 29, 2005

Escrever ... o amor

Escrever…. o amor... assim de repente, em minutos. Confesso, em apenas alguns poucos minutos, apeteceu-me falar de amor em línguas que não a minha.
Devo ter cometido erros imperdoáveis, mas quero lá saber… apeteceu-me e deu um prazer imenso. O que haverá melhor do que isso? :)
E depois… o resultado de um devaneio de momentos foi este..... Cantar, cantar o amor em idiomas que me levam pelo mundo fora…


amour
Je t’embrasse mon amour
Cœur de mon cœur
Vie de ma vie
Sang de mon sang
Mon air, mon respirer
Je te souffle
Je te crie
Je te donne tous qu’existe en moi …
Mes yeux, mes mains, mes lèvres
Mon corps, mon être, mon âme...


Amor, olé
Por lo que eres
Por lo que soy
Por lo que somos
Por lo que lograremos ser un día.
Por lo que siento
Por lo que veo en tus ojos,
Por todo que haces por mi,
Por tus caricias
Por tus abrazos
Por tus besos
Eres mi amor


Love
When you saw my eyes
Deep inside me
In that moment I knewI was already yours
No tomorrow, no yesterday
No future, no past
Only the look of your face
Only the touch of your skin
I stopped all the clocks
I lost all the keys
No more doors
No more tears
Only you
An endless thought of love

sexta-feira, agosto 26, 2005

Calar o tempo

Quando…
quando a noite vier e o mar galgar a praia.
Quando o trovão encher o céu e,
a chuva intensa varrer o mundo,
o vento vai soprar até dobrar a vontade.

Essa vontade que a voz se levante e percorra o ar
para deixar sair de mim o brado.
Nesse instante, quero
que o mundo se erga em fúria
só para esconder
o segredo que tenho para contar.

Já não posso calar o tempo.

quinta-feira, agosto 25, 2005

Carta

Lua, 03 de Dezembro de 2375


Tenho saudades do céu azul, do sol brilhante, de fechar os olhos e sentir o cheiro do mar. Às vezes vejo-me ainda deitada na areia muito quente.
Desejo sentir outra vez o vento na cara. Queria poder dançar de novo entre as árvores ondulantes e verdes. Muito verdes. Faz-me falta partir pelo campo, sem rumo, em busca dos ninhos das cegonhas. Recordo com saudade o passar das Estações, a chegada das noites quentes e longas de Verão, o prazer das conversas esticadas pela madrugada que roubavam tempo à cama.
Apetecia-me o calor saboroso de uma lareira, abraçar a família reunida, saborear castanhas assadas. Queria comprazer-me com um chocolate quente aninhada em ti.
Queria….Mas estou aqui.
Escolhi descobrir o mundo visto do espaço. Decidi viver longe para perceber o Universo. Preferi a emoção de ver a Terra… imensa, azul, poderosa, linda, longe, do tamanho do meu punho fechado que ergo à janela.
Daqui, as fronteiras são ridículas, os países uma caricatura desnecessária, risível até….
Nesta minha nova morada, da Lua para o planeta azul, seguem apenas saudades rememoradas na praia do Mar da Tranquilidade.
Já não sou quem fui. Sou finalmente outra. Cheguei a Casa.

quarta-feira, agosto 24, 2005

Inferno (2)

Tácticas e técnicas contra incêndios

Ainda afectada pelas imagens dos muitos incêndios que engolem as matas portuguesas, que ameaçam cidades, que devoram casas, fiquei a pensar se Portugal estará a desenvolver uma política de combate a incêndios inteligente e tecnicamente sustentada. É do conhecimento geral que a prevenção é necessária, que o trabalho de combate aos incêndios se faz durante todo o ano. Que há muito a fazer pelos proprietários florestais, pelo Governo, pelas autarquias e pela população em geral, mas e chegado o Verão?
Estão os nossos bombeiros devidamente preparados e esclarecidos, detêm conhecimentos para poder efectuar o trabalho de combate aos incêndios de forma segura, eficaz, rápida?
Ao contrário do que acontece nos outros países, a nossa Protecção Civil depende essencialmente dos bombeiros voluntários. Ora, apesar da sua entrega e empenho, estes homens e mulheres, desenvolvem outras ocupações e outras profissões só se dedicando, nas horas vagas e em período de férias à protecção e socorro das populações e ao combate a incêndios.
É portanto anormal, no contexto europeu e mesmo mundial, o sistema em que vivemos, que assenta no voluntariado. E olhando o perfil dos Grupos de Primeira Intervenção é fácil constatar que são constituídos maioritariamente por estudantes e por trabalhadores sem grandes qualificações. Muito fazem os nossos bombeiros, mas considero que estes soldados da paz talvez necessitem de formação específica para poderem combater os incêndios, até para salvaguardar a sua segurança… e depois é imperativo que exista quem obrigue e defenda a reflorestação das áreas ardidas. E com muita urgência, por favor.