quinta-feira, junho 30, 2005

Animação

A-N-I-M-A-Ç-Ã-O. Sensação que me invade, agora, muitas vezes, com frequência, neste momento. Está sol. Temperatura agradável. Apetece-me conversar, rir, passear, ver o mar.
Apetece-me luz, companhia, sorrisos cúmplices, momentos especiais.
Apetecem-me novos projectos, grandes desafios, boas equipas, camaradagem.
Apetece-me o amor, amar, ser amada e crescer.
Estou com a energia do mundo concentrada em mim.
Estou com a vontade da rebelião pronta a explodir. Criar para sossegar é o lema que se impõe.
A felicidade deve andar à espreita. Vou abrir portas e janelas… :)

quarta-feira, junho 29, 2005

Pagar para ver

Os dados foram lançados e desta vez entrei no jogo. Se calhar foi uma decisão tomada gradualmente. Talvez me tenha decidido há dois meses. Estive a convencer-me... apanhei justificações aqui e ali, encontrei razões quase todos os dias. Não volto atrás.


Que sera, sera
Whatever will be, will be
The future's not ours to see

When I grew up and fell in love
I asked my sweetheart
What lies ahead
Will we have rainbows
Day after day
Here's what my sweetheart said

Que sera, sera
Whatever will be, will be
The future's not ours to see

Doris Day

segunda-feira, junho 27, 2005

E quando o teu sol estiver tapado?


Fiquei a pensar no que me disseste… Gosto de conversar contigo. Tu sabes.
A nossa empatia e intimidade cresceram devagarinho, sem pressões ou expectativas. Lembro-me bem do dia em que me revelaste que já me contaste mais da tua vida do que a muitos dos teus melhores amigos. Amigos de longa data. Se calhar por isso mesmo, porque não partilhei contigo essa vida, esses assuntos, ou se calhar esta nossa empatia é mesmo especial e, há conteúdos que só se compartem em momentos assim, únicos.
Sabendo o quanto gostas de me provocar, raramente te levo a sério…
Mas desta vez foi diferente. Senti-o.
Sentiste-o também tu. Não brincaste, não me provocaste, disseste-me calma e pausadamente, com a segurança que sempre me demonstraste, sem eu te pedir conselhos…
- Há mais mundos além do teu. A vida é maior que as pessoas que conheces, tu és muito mais do que aquilo que pensas.
Tomaste-te de coragem e em monólogo prosseguiste:
- E se um dia acordares e já não puderes ficar. E se um dia o que não pedes, mas que te faz falta, for já demasiado pesado. E se essas condições forem, nesse dia, maiores que o mundo e te taparem o sol?
Abre o mundo, vai à procura, pode haver mais….

Fiquei a pensar no que me disseste… Gosto de conversar contigo. Tu sabes.

domingo, junho 26, 2005

Mea Culpa :)
(boa!?)

Portei-me muito mal contigo. Acredita que não queria magoar-te, mas não podia ser de outra forma. Naquela época não consegui colocar-me no teu lugar, só pensei em mim. Nem me lembrei do que poderias estar a sentir, do que poderias ter desejado, do que terias sonhado…. Sei o quanto gostavas de mim. Se calhar mais do que alguma vez alguém gostou.
Mas não fui capaz.
Hoje, sempre que estamos frente a frente leio em ti essa mágoa. A marca que te deixei. Sei que gostas de me rever, mas ficas agitado e agressivo. Creio que o fazes sem pensar, sem que disso tenhas consciência. Evoluis muito rapidamente da alegria que pareces ter ao reencontrar-me até à agressividade que se te nota quando… te lembras do passado. Aí não gosto de estar contigo. Lamento, mas é a verdade.
Talvez até seja responsável pela forma como me tratas… Reconheço-o. Admito que me portei mal contigo, mas foi o único caminho que encontrei. No entanto, tanto tempo depois, olho para ti com o mesmo carinho, sempre muito especial.
Para sempre!

sábado, junho 25, 2005

Da minha língua vê-se o mundo


Uma língua é o lugar donde se vê o Mundo e em que se traçam os limites do nosso pensar e sentir. Da minha língua vê-se o mar. Da minha língua ouve-se o seu rumor, como da de outros se ouvirá o da floresta ou o silêncio do deserto. Por isso a voz do mar foi a da nossa inquietação.
Vergilio Ferreira


Conheço esta frase há algum tempo. Nunca a tinha lido num livro, numa revista ou num jornal.... Conheço-a de a ler na parede da sala de leitura dos mais pequenos. Conheço-a desde que a biblioteca foi inaugurada, há alguns anos, perante uma plateia de dezenas de crianças de todos os países de lingua oficial portuguesa. Crianças que, apesar de falarem português com tonalidades diferentes, acabaram por se entender na perfeição.
Acabaram por seduzir pequenos e graúdos e marcar aquela festa de forma inesquecível.
Naquele dia, daquela sala, a olhar estas frases de Vergilio Ferreira, pintadas a negro na parede branca, ouvimos o mar e a floresta, ouvimos o mundo inteiro na nossa lingua.

terça-feira, junho 21, 2005

Viagens



Hoje estou assim.
Apetece-me viajar.
Acabei de chegar à Polinésia francesa, cheira a mar, a calor e a sol. À minha volta pessoas de pele quente e escura. Ouço vozes suaves que se confundem ao longe com música e flores. O tempo está quieto, o mar empurra a brisa e eu cheguei a casa. Vou ficar. Persegui Gauguin em busca do paraíso perdido, rumo ao reencontro da criatividade das sociedades esquecidas na imensidão do Oceano Pacífico.

segunda-feira, junho 20, 2005

Foram muitas as noites em que fechei o Swing - essa casa de culto - com esta música. Nessa época fechei a pista e fechava-se, quase sempre, a porta atrás de mim... Voltava a casa feliz...


Amanhã é sempre longe demais

Pela janela mal fechada
entra já a luz do dia
Morre a sombra desejada
numa esperança fugidia
Foi uma noite sem sono
entre saliva e suor
Com um travo de abandono
e gosto a outro sabor
Dizes-me até amanhã
que tem de ser que te vais
Porque amanhã sabes bem
é sempre longe demais
Acendo mais um cigarro
invento mil ideais
só que amanhã sei-o bem
é sempre longe demais
Pela janela mal fechada
chega a hora do cansaço
vai-se o tempo desfiando
em anéis de fumo baço

Rádio Macau

sábado, junho 18, 2005

Original

Aquilo que de verdadeiramente significativo podemos dar a alguém é o que nunca demos a outra pessoa, porque nasceu e se inventou por obra do afecto. O gesto mais amoroso deixa de o ser se, mesmo bem sentido, representa a repetição de incontáveis gestos anteriores numa situação semelhante. O amor é a invenção de tudo, uma originalidade inesgotável. Fundamentalmente, uma inocência.

Fernando Namora

quinta-feira, junho 16, 2005

Somewhere over the rainbow

Somewhere over the rainbow

Way up high,
There's a land that I heard of
Once in a lullaby.
Somewhere over the rainbow

Skies are blue,
And the dreams that you dare to dream
Really do come true.


Aprendi esta canção há muitos, muitos anos. E desde sempre, senti ao ouvi-la um bem-estar quase inexplicável. De vez em quando, nos dias em que me sinto menos plena de todas as certezas que gosto de exibir e defender, canto-a baixinho. Fico pequenina outra vez e olho o céu à procura do Arco-íris... (dia lamechas... está visto)

segunda-feira, junho 13, 2005

Adeus

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
sem esperas inúteis.
(…)
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas
Adeus.

Eugénio de Andrade

quinta-feira, junho 09, 2005

Só Ontem

Ontem percebi-te Isis. Só ontem. De regresso a casa, depois de um jantar delicioso, com o calor a dar tréguas e a frescura perfumada da noite a entrar no carro, fechei os olhos e viajei. Por momentos, tenho a certeza que abandonei o carro e voei ao som das músicas do Buddha Bar Paris.
Hipnotizada, entrei em mim, percorri caminhos, revi sorrisos, resgatei desejos, fui eu sem o ser. Estive lá, tenho memórias dos cheiros, do som, das vozes, das cores do Buddha Bar Paris.

O silêncio e o sossego da hora, árvores lá fora, o céu estrelado, o sorriso nos lábios pela recordação do jantar… tudo se conjugou. Foi inesquecível.
Esquecida na noite, com o cheiro a Tília a inundar o ar, não resisti.
Percebi-te.
Decidi desejar marcar um jantar em Paris e partir. Se calhar…. Se calhar um dia destes estou lá, na penumbra… a provar sabores fortes.
FITEI, magia, música e Verão...

Fui ver do João Lóio, Música e Canções de Cena, um espectáculo integrado no FITEI. Adoro ir a concertos, a espectáculos, a exposições, a festas no Verão. As noites de Verão são propícias a roubar tempo ao sono…. Sabe mesmo bem.
Em palco: flauta, saxofone, concertina, viola, violino, violoncelo, vozes, dança, luz…. Um espectáculo completo. Senti a frescura do tango, da argentina, de cuba, a presença dos anos 20, dos 40, do brasil....

Dentro do palco, fora do palco, no edifício, no café concerto, no lounge, havia magia no ar, naquela noite. Havia. E não fui eu a única a senti-la. Havia encantamento. Houve ;)

Num texto de apresentação do espectáculo produzido para o FITEI, Octávio Fonseca escreve "trata-se de um conjunto de canções com uma força impressionante. Canções sem letra. Emocionantes. Belíssimas. Que deixam a música falar, aliás, de uma forma bem expressiva. Sugerem-nos "vagamente a cidade e o circo". Mas o circo não tem uma nacionalidade".

Saí mais rica, naquela noite. E a trautear….

Com A quero dizer Amor contigo
Com B quero dizer Bocas do Mundo
Com C quero dizer Casa comigo
Com D quero dizer D….

quinta-feira, junho 02, 2005

Circo

Resgatei a magia do circo da minha infância. Ontem, ao entrar na tenda, quando senti a música, as cores, o cheiro a terra e o barulho das crianças, fui pequena outra vez.
Oito, nove, dez anos, de volta a Faro, vi-me a entrar na Feira de S. João e a reviver a descoberta de cada espectáculo circense. Lembro-me de morrer de inveja da vida emocionante dos meninos do circo. Os mesmos que todos os anos partilhavam durante uma semana a minha sala de aula… Depois percebi que viver dias errantes pelo país, não deveria ser assim tão emocionante.

Mas ontem… o circo, o algodão doce, o sorriso das crianças, surgiram no fim do meu dia de forma terna e acolhedora. Gostei.
Gostei de ser só eu, ali sentada a sorrir de olhos brilhantes colados ao trapezista lá no alto da tenda. Nunca me diverti muito com os palhaços, se calhar um dia destes mudo de opinião (talvez quando me convidares para te ver ao vivo!), mas adorava os trapezistas que voavam no topo da multidão presa a cada movimento, ao som do rufar dos tambores. Ontem aconteceu.
Voei com os trapezistas, perdi-me de amores pelo encantador de cavalos, apaixonei-me pela ilusão do mágico de serviço.
Rico final de dia mundial da criança :)

quarta-feira, junho 01, 2005

Pediste-me um beijo

Pediste-me um beijo. Foi esta tarde. Sorriste, chegaste-te a mim, perto, muito perto. Disseste que só querias recordar o meu gosto, só querias relembrar os bons velhos tempos.
Senti o teu respirar em mim. Incomodaste-me.
A tua presença forte, o teu cheiro, o teu calor, o teu toque, trouxe-me memórias que eu julgava esquecidas. Pediste-me um beijo.
Sorri-te. Deixei-me ficar quieta. Lembrei-me do quanto gostava dos teus lábios, da tua boca macia, dos teus beijos quentes. Quando saíste, depois de te despedires de todos e com a naturalidade que te é característica, aproximaste-te de mim e beijaste-me. Um beijo longo cheio de saudade. Fiquei com o teu gosto na boca.
Roubaste-me um beijo.