quinta-feira, dezembro 30, 2004

Festas, Férias e Ocupações

O meu blog esteve de férias. Não eu. Só ele. Eu andei em festas, jantares, encontros e reencontros e que bem que me soube. Agora estou de volta :)

sábado, dezembro 25, 2004

Feliz Natal!

(agora imaginem uma banda sonora fantástica. Deixo ao critério de cada um!)

terça-feira, dezembro 21, 2004

What a wonderful world

Porque acordei com esta canção, porque o sol brilha e o ceu está azul, porque o mundo merece um elogio de vez em quando. Porque gosto de trautear este tema, porque me faz bem.
Todos a cantar :)

I see trees of green, red roses too
I see them bloom for me and you
And I think to myself, what a wonderful world
I see skies of blue and clouds of white
The bright blessed day, the dark sacred night
And I think to myself, what a wonderful world
The colours of the rainbow, so pretty in the sky
Are also on the faces of people going by
I see friends shakin' hands, sayin' "How do you do?"
They're really saying "I love you"
I hear babies cryin', I watch them grow
They'll learn much more than I'll ever know
And I think to myself, what a wonderful world
Yes, I think to myself, what a wonderful world

Louis Armstrong

segunda-feira, dezembro 20, 2004

Energias

Há momentos em que me sinto assim enérgica e a fervilhar de ideias.
Feliz.
Com um sorriso de orelha a orelha.
Com vontade de abraçar o mundo.
Capaz de tocar o céu.
Sinto-me privilegiada nestas alturas.
É bem verdade que não me sinto assim todos os dias, mas também esta disposição seria quase surreal. Quando me invade esta alegria, vinda não sei bem de onde, acredito que posso mudar o mundo. Tenho a convicção de que quase tudo é possível.

A luz do sol alimenta-me, o vento frio revigora-me, apetece-me passear, olhar o mar em silêncio e regressar confortada e motivada. A natureza é para mim uma fonte de ânimo e de força. Sou filha do mar, neta do sol, afilhada do vento, prima das montanhas longínquas....

E depois apetece-me revolucionar o meu trabalho, divido ideias com quem me rodeia todos os dias, invento caminhos, refaço objectivos e planos e ganho novos parceiros para perseguir os castelos, os sonhos e as nuvens altas como se fossemos todos o D. Quixote à procura de um mundo melhor.
Contra os dragões encantados e vilões, marchar marchar.

quinta-feira, dezembro 16, 2004

Amigos

Lembrei-me do dia em que me disseste que gostavas de mim. Falávamos animadamente há horas, aliás como acontecia sempre. Mudaste de repente de assunto, olhaste-me fixamente e disseste.
Amo-te!
Eu já adivinhava mas, mesmo assim, surpreendi-me. Desejei-o durante muito tempo, mas depois ao sabê-lo fiquei inquieta. Estávamos naquele café junto ao jardim. Para mim será sempre o nosso café, nunca mais lá fui, nunca lá levei mais ninguém. Foi lá que tivemos longas conversas antes e depois. Foi lá que me despedi de ti.
Naquele dia estavas calmo, eu especialmente alegre, depois fiquei calada. Sem saber o que dizer. Falámos mais tarde sobre o futuro, decidimos juntos o que fazer.
Não abri a porta, não facilitei cenários. Não podia. Tu sabes.

Depois fui ao teu casamento.
Foi uma festa triste. Não sei se a tristeza estava em mim. Mas nesse dia não sorriste, não me abraçaste, não me apertaste contra ti, não brincaste com o meu cabelo.
No dia do teu casamento cheguei cedo a casa.
Não te vi durante muito tempo. Sabia de ti, sabia que sabias de mim. Mas não fiz qualquer esforço para te reencontrar.
Esta semana voltei a ver-te no casamento da Cristina. Estás na mesma. Os teus filhos são uma delicia.
Conseguimos ficar sozinhos algum tempo. Percebi que nos fazia falta. Senti a velha cumplicidade como se nunca nos tivéssemos afastado, senti o prazer de estar perto de ti, de sentir o teu cheiro, o teu toque, o teu beijo. Dançámos. Cheguei tarde a casa no dia do casamento da Cristina. Cheguei feliz. Somos amigos outra vez.

segunda-feira, dezembro 13, 2004

O meu nome

Um dia acordei e mudei de nome. Peguei no nome antigo, escolhido para mim quando nasci, e apaguei-o.
Mudei de vida. Percebi que ao deixar de ser eu podia ser quem eu quisesse.
Levantei-me, olhei-me ao espelho pela última vez e mudei de nome. Sou agora uma mulher com um nome comum, claro, curto, limpo, branco, quase redondo. Escolhi este porque não me diz nada. Porque não tem força, porque é vazio. Quero-o assim.
Cortei o cabelo. Fiz as malas e parti.
Não me despedi de ninguém. Só do meu nome.
Cheguei há pouco tempo. Gosto do ar desta cidade à beira-mar.
Apresentei-me a todos com o meu novo nome, com a minha nova vida, curta e diferente, já outra.
Hoje vim passear para o porto de mar, os barcos dançam, o céu está cinzento e pesado. Tenho nas mãos tudo o que fui. Olho ainda esta caixa que fui eu. Guardei aqui todas as palavras que quis esquecer, perdi nela todas as frases que deixei por dizer, esqueci o ontem e o antes. Com as mãos frias guardei tudo. Fechei a caixa, inspirei e deitei-a ao mar.
Ouvi o meu nome, o nome de quem sou agora, convidaram-me para um café quente.
Sorri e aceitei
Um dia acordei e já tinha outro nome.

domingo, dezembro 12, 2004

Costa dos Murmúrios


Entrei na sala de cinema em busca de imagens de África. Queria avivar memórias que nunca tive, sentir cheiros que já imaginei tantas vezes. Cheiro a terra quente, escura, suja e disputada. Ansiei pelo pôr do sol de fogo....
Sentei-me a ouvir todos os sons e a ver todas as imagens, sempre alerta, com muito cuidado, para não perder nada.
O decorrer do filme deixou-me desconcertada.
As imagens eram sempre de uma África desfocada, pouco revelada, apresentada nas entrelinhas, entendida nas palavras dos que segui ao longo da narrativa.
O filme recria o livro a Costa dos Murmúrios de Lídia Jorge e persegue a vida de quatro personagens, mas valoriza o olhar no feminino. O mundo das mulheres e das crianças, através de Evita, de Helena, das mulheres que vivem no hotel da cidade, das criadas, das prostitutas, quase todas com a vida em suspenso à espera dos homens que partiram para operações no mato. Conheci assim, um Moçambique paralelo à guerra ou, se calhar, uma guerra vista pelas mulheres. Percebi ao longo do filme a busca de uma verdade de África.

Fiquei sobretudo impressionada por se tratar de um filme que retrata genuinamente a profundidade do universo feminino.

conhecer o filme


quinta-feira, dezembro 09, 2004

Memória(s)

Perceber a mente humana é algo que me fascina. A memória, o seu funcionamento e as suas particularidades são áreas que me interessam. Há vários tipos de memória (verdades do Monsieur La Palisse). A minha e a relação que com ela mantenho, desde que me conheço, exerce sobre mim uma pressão por vezes incomportável.
Não foram raros os dias em que quis não ter esta memória. Lembrar mantém o que senti sempre vivo, sempre forte, sempre presente. Como se o tempo não tivesse passado.

Consigo lembrar-me de quase tudo com uma nitidez assustadora. Tenho memórias que me levam ao meu tempo de bebé, hora após hora, dia após dia, pouco consegui apagar, com a particularidade de ao recordar me ver a viver o passado, mas já de fora. Vejo-me como se fosse uma testemunha de mim, presencio-me.

Estou cansada de ser assim.

Troco de bom grado quase todas as memórias que me ocupam espaço vital e precioso pela capacidade de reter e lembrar tudo o que ler, aprender, conhecer e descobrir de hoje em diante.
Pelos vistos a minha memória mais forte é a memória referencial declarativa episódica, no entanto sinto-me a perder gradualmente a memória declarativa semântica e quero, com urgência, reverter este processo.

terça-feira, dezembro 07, 2004

HOSPITAL-IDADE

Percebi recentemente que a HOSPITALIDADE que todos reconhecemos como um dos atributos mais importantes na semântica turística lusa pode não estar confinada ao acto de bem receber, de abrir as nossas portas de par em par a quem nos visita.
A hospitalidade é um tema muito português tal como a saudade, o fado e a lenga-lenga do coitadinho. Percebi-lhe no entanto, outra perspectiva. Hospitalidade de hospital, de doença, de diferença, de mundo paralelo, de quase mundo, de espaço onde estão os que esperam recuperação ou os que já não recuperam. Os que estão momentânea ou definitivamente banidos do mundo normal.

De origem latina hospitalidade é o acto de hospedar, de acolher ou receber pessoas de forma agradável e afectuosa, também no latim hospital não é mais do que uma casa de hospedes. E no fundo de que precisam os hospedes dos hospitais? Dos conhecimentos científicos e específicos dos médicos, dos efeitos dos medicamentos e dos paleativos, é verdade, mas precisam também de hospitalidade, de afectos e emoções.

Alexandre Almeida, fotografo de profissão, resolveu perceber e mostrar esta HOSPITALIDADE, captou expressões de quem vive ou está no Instituto da Ordem Hospitaleira de S. João. Pessoas que passaram a ténue fronteira que nos separa do vazio. Expressam e mostram a sua diferença, retratam a doçura e a identidade de quem é desigual. São essencialmente pessoas com distúrbios e problemas psicológicos. Rostos e olhares muito fortes. O resultado desse trabalho foi uma exposição de 140 fotografias que reunidas mostram Expressões e Afectos ao vivo ou no livro Hospitalidade com prefácio de Maria Barroso.

quinta-feira, dezembro 02, 2004

O casaco que me deste

Ontem à noite deambulei pela cidade. Passeei sozinha, sem rumo. As ruas já estão iluminadas, a música natalícia lembra-me a proximidade do fim do ano. Apetecia-me estar de volta a casa. Esta distância pesou-me nos últimos tempos. A viagem já marcada e a decisão tomada sossegaram-me. Ter de novo certezas trouxe-me alguma serenidade.
Meti as mãos nos bolsos e caminhei com ânimo. Invejei os sorrisos das famílias que passaram por mim, invejei a conversa animada daquele casal sentado junto à janela do meu café preferido.

Estava frio. Encolhi-me dentro do meu casaco castanho de pele de ovelha. Comprei-o quando fomos à Serra da Estrela, lembras-te? Aliás, foi um presente teu. É mesmo muito quente! Está já gasto pelo tempo, principalmente nos cotovelos. Tu sabes!
Foi sempre assim, apoiada nos cotovelos, de cabeça pousada nas mãos, de olhos muito abertos e de sorriso à espreita, que gostei de te ouvir, que fiquei à espera de descobrir as histórias que me contaste.
Agora está gasto. O tempo levou-lhe a frescura.
O mesmo tempo que me leva a vida para longe. Passo os dias na busca das peças que me faltam no puzzle da felicidade. Junto todos os momentos, à espera que nada me escape, à espera do tudo. À espera de viver só o que me faça feliz. Mas o tempo gastou a minha ingenuidade, agora tenho as expectativas moldadas ao que encontro nos outros, tal como o casaco se conformou aos meus braços e hábitos.
O tempo gastou o casaco que me deste.

quarta-feira, dezembro 01, 2004

O Natal

Não. O Natal não me deprime.
O natal não me causa stress nem pressão. Não.
Eu gosto do Natal, da azáfama, do ritmo, do som, das luzes, dos excessos, dos jantares, dos encontros, das visitas, dos reencontros, das surpresas, do frio, dos doces, do chocolate, dos presentes, dos abraços, do calor à lareira, do brilho das árvores e das ruas, do vermelho do pai natal, da magia da ilusão dos pequeninos, dos brinquedos, dos olhares, das trocas, dos cartões, dos telefonemas, das sms’s, das famílias, das ceias, das viagens, dos regressos, de tudo.... quase tudo.
Gosto. Está dito.